HISTÓRIA RESUMIDA DA PSIQUIATRIA
Sérgio Paulo Annes

Publicado em “PSIQUIATRIA PARA ESTUDANTES DE MEDICINA”, -- 03.07.2003-- de Alfredo Cataldo Neto e outros, na página 25. (Foi muito cortado)

As mais recuadas referências às doenças mentais remontam aos Egípcios, Mesopotâmicos, Gregos, Romanos e Hindus.  Eram vistas por médicos, filósofos ou teólogos como uma manifestação do descontentamento e castigo propiciado pelos deuses por pecados cometidos ou possessão demoníaca. Esses quadros mórbidos, que se manifestavam pela perturbação do humor como nos quadros maníacos ou melancólicos ou perturbações do comportamento, como atos agressivos, por exemplo. Eram tratados pela magia invocação dos poderes celestiais ou exorcizando os demônios que teriam ocupado o corpo e o espírito do paciente. Muitas vezes o paciente era submetido a castigos físicos, já que era tido como um infrator (pecador) da vontade do ou dos deuses, para que as forças malignas, demoníacas, abandonassem o corpo e muitas vezes, até mesmo morto.

Na medicina Mesopotâmica, consta no Código de Hammurabi, imperava a crença de que os demônios causavam as doenças.

A crença, nos primórdios da nossa civilização, era que as doenças, de uma forma geral e as moléstias mentais em particular eram causadas por ações mágicas ou demoníacas. Não é pois estranhável que os primeiros médicos fossem os sacerdotes e os feiticeiros.

Surpreendentemente, temos notícia que os Gregos, no século oitavo antes de Cristo também utilizavam, ao lado dos exorcismos, práticas terapêuticas que podemos considerar modernas, como ouvir música suave. atividades recreativas, e passeios.

No sexto século antes de Cristo o Grego Alcmaeon pela primeira vez na história da humanidade dissecava o corpo humano encontrando relações entre os sentidos da visão e da audição com o cérebro. Suas pesquisas situaram a sede da razão e da alma no cérebro. Empédocles falando sobre o significado das emoções as atribuí ao amor e ao ódio, afirmando serem estas  as fontes fundamentais do comportamento  do homem. Estes conceitos foram resgatado no século dezenove pelo neurologista e psiquiatra Sigmund Freud (1856-1939) criador da psicanálise, Digo resgatando-as pois estas idéias foram postas de lado por longo tempo, em especial na Idade Média quando o misticismo exacerbado reprimia o pensamento científico.

O Grego Hipócrates, (460-380 a.C) o chamado pai da medicina, dotado de grande capacidade de observação já ligava quadros mentais a estados infecciosos, hemorragias, e mesmo ao parto rejeitando a idéia de que os quadros mentais pudessem ser desencadeados pela intervenção dos deuses ou possessão demoníaca. A lei Ateniense já dedicava atenção aos distúrbios mentais como desencadeadores de crimes. Hipócrates foi, nesses tempos recuados, o primeiro a tentar libertar a medicina dos ritos mágicos e litúrgicos, dos sacerdotes. Para ele o cérebro era a sede dos sentimentos e das idéias. Classificava ele as doenças de uma forma geral e inclusive as mentais em função do desequilíbrio dos “humores” (fleugma, sangue, bile amarela e bile negra). Também do desequilíbrio das qualidades destes “humores”, causado pelo (calor, frio, umidade ou secura) três categorias de distúrbios teriam origem: mania, melancolia e frenesi. Reconhecia a epilepsia a histeria; esta privativa das mulheres,  e atribuída à mesma as incursões do útero pelo abdômen e pelo tórax como a reivindicar uma gravidez. Como tratamento preconizava o casamento, Isto é, a atividade sexual. Temos, portanto, com Hipócrates e o chamado, Corpus Hipocraticum, seus seguidores, os primeiros médicos a abordarem cientificamente a doença mental encarando os quadros mentais patológicos sob o ponto de vista biológico desafiando, já naquela época, as crenças mágicas e religiosas. Muitos foram os médicos Gregos que a partir de Hipócrates contribuíram para o estudo da psiquiatria.  Não esqueçamos que a base do código de ética Grego veio do Egito. Asclepiades (124-96 a C) medico grego, fundou em Roma uma Escola famosa onde combatia as idéias de Hipócrates. 

O primeiro Rei dos judeus Saul, (cerca de 1040-1010 a.C) que padecia de crises depressivas e paranoides era acometido de surtos de fúria, foi tratado na base da melo- terapia, pelo seu acompanhante David, que mais tarde foi seu genro ao se casar com Micol e sucedeu-o no trono. David tocava cítara para devolver-lhe a tranqüilidade.

A enfermidade mental, na cultura judia era encarada como um castigo imposto por Javé, um castigo dos céus. Nabucodonossor, rei da Babilônia, nos relatos Bíblicos, também por castigo de Javé, enlouqueceu sendo presa de um espírito  maligno. O costume de designar os loucos e os profetas pela mesma palavra (navi) é significativo. Em sânscrito, “nigrate” significa santo, profeta e louco, assim como “madibur”, em árabe, e “davana” em persa. Os otomanos chamam os loucos “eulva Ullah Del”, o que significa filhos divinos de deus ou “loucos de deus” e os consideram as pessoas mais adequadas para se relacionarem com a divindade Crapollo cita uma epidemia de melancolia ocorrida no Egito (livro XXXIX) que atacava os que dissecavam os cães. Ochhstpesen, rei do Egito, da nona dinastia, foi atacado de loucura. Os Egípcios utilizavam nos tratamentos de diversas doenças: mel, sal, infusões de casca de sicômoro (figueira do Egito, plátano-americano), sulfato de cobre, alume, óleo de camomila, bem como estratos de fígado, coração e cérebro. Ainda hoje, na África se dizimam os rinocerontes para utilizarem seus chifres como pó curativo em casos de impotência, numa atitude mágica, já que o chifre lembra um pênis ereto.  Bem Hadad, rei da Síria, foi também atacado por uma enfermidade semelhante a que atacou o primeiro rei hebreu Saul e que foi submetido a um tratamento hidroterápico.especial (Trusen).

O médico Romano Galeno (131-301 a.C), atribuía ao cérebro o papel de sede dos fenômenos mentais e dizia que os sintomas físicos não expressavam, necessariamente, que o órgão ou a parte do corpo que expressava o sintoma era o local afetado. Galeno desenvolveu uma teoria de que a “alma racional” era dividida em uma parte externa e outra interna. A parte externa consistia nos cinco sentidos e outra, a “alma interna” consistia nas funções da imaginação, do julgamento, percepção e do movimento. Tendo como base estas idéias Galeno concluiu que Platão estava certo ao localizar no cérebro a sede da alma, e incorria em erro Aristóteles que afirmava estar a alma sediada no coração. Galeno afirmava, também que o coração agia, somente sobre as artérias. Galeno, por outro lado, cria que a histeria resultava  de um ingurgitamento do útero mas  não aceitava a idéia de que ele migrasse pelo corpo. Após a morte de Galeno, muitas de suas idéias foram esquecidas  voltando a vigorar as idéias anteriores. A feitiçaria e a demonologia passaram a dominar o pensamento e as ações médicas no período medieval continuando a influenciar a medicina até o século XIX. Muitos cientistas como Paracelsus, Agrippa e J. Weier desafiaram esta linha, vamos chamar demonológica do pensamento psiquiátrico. Esta linha era dominada pelas idéias religiosas de castigo por pecados cometidos contra deus e muitas vezes o doente era julgado por tribunais religiosos e condenado a morte. Assim o corpo era punido e a alma estaria sendo salva.

A contribuição da medicina árabe à ocidental, ao tratamento das moléstias mentais, tem sido pouco enfatizado em parte porque as traduções para o latim tenha sido levado a efeito em média um século após terem sido elaboradas. No século IX Av-Razi (Racés) escreveu “Liber ad Almansorem” que foi traduzido na Espanha por Gerardo de Cremona no século seguinte. Pelo mesmo Gerardo de Cremona, de Ibn-Sarabiun (Serapio) foi vertido para o latim o “Breviarum practicae”.   Ibn-Sina (Avicena), no século XI escreveu “Canon in medicina” que só no século seguinte foi vertido para o latim pelo mesmo Gerardo de Cremona. Constantino el Africano, no sul da Itália, na segunda metade do século XI, verteu para o latim “De melancolia” de Isak ibn-Imran, “Viaticum, de Oblivione” de Ibn al Jazzar e “Pantegni” de Ali ibn-al-Abbas, todas escritas no século X. Bonacosa, no norte da Itália, em meados do século XIII, verteu para o latim, de Ibn-Rusd (Averroes), “Colliget”, do século anterior. Na Sicília, em fins do século XIII, Faradj ben Salem traduziu  também para o latim, de Ar-Razi (Racés) , “Continens” e também em fins do século XIII, Juan de Cápua y Paravicius, de Ibn-Zuhr (Avenzoar) escrito no século XII, “Theisir”. Dentre as obras citadas, as que tratam exclusivamente sobre doenças mentais são: o tratado sobre a melancolia de Ishaq ibn Imran e a que trata sobre o esquecimento, de Ibn al Jazzar. As outras tratam de enfermidades em geral. Graças às traduções e conseqüente utilização das obras árabes inclusive por enciclopedistas esses livros exerceram influência em um maior público. No dizer de Constantino, a melancolia é provocada pelo medo e pela tristeza que lesam a razão a amência  ou mania, que segundo ele são o mesmo, lesam a imaginação. 

Na Índia, O Mahabarata bem como obras da antiga Medicina Hindu nos descrevem varias vezes personagens loucos. Entre as formas de enfermidades mentais se destacam a lipemania (tristeza, desgosto) a mania ambiciosa, a mania homicida,  a epilepsia, a histeria e a neurose obsessiva. As enfermidades levavam os nomes das divindades principais da Índia: Asura, Graha... A pessoa atacada de Asura fala mal dos deva, critica a conduta dos brahamanes e é perigoso para os demais; gira os olhos, sem expressão e tem a respiração ofegante. O enfermo atacado de Huad-harva-geaha é alegre, gosta de viver isolado, adora as flores gostando de se adornar com elas (demência precoce). O atacado de kaykascia-graha possui grande inteligência e grande paciência, nunca é vingativo, tem grande prodigalidade, fala pouco e tem a pele rubicunda (mania ambiciosa). O obsessivo, atacado de sarpa-grha, se retorce como uma serpente e sua língua se remexe na boca (paralisia). O rakhasa-graha busca avidamente carne viva e sangue; tem um odor desagradável, é homicida, fala continuamente e sem sentido, agita continuamente as pernas e sofre de vômitos.

A medicina Hindu se baseia na idéia de que todas as funções são determinadas e reguladas pelo fluxo de três humores (algumas vezes se fala em quatro ou cinco humores): vata (vento, ar), pitta (bile) e kapha ou “olesma” (humor fleumático). A loucura também seria gerada pelo excesso ou falta de equilíbrio destes humores. O primeiro dos três humores (vata) provoca os seguintes sintomas de loucura: emagrecimento, pranto, riso, gritos, cânticos, e quem não é dado a se enfeitar passa a se adornar, emite sons desarticulados, estalidos da língua, um vagabundear incessante, eloqüência nos que não são naturalmente loquazes, desejo ardente de obter coisas difíceis  e que se tornam desprezadas no momento em que as possui, olhos inflamados e avermelhados opôs a digestão. Os que enlouquecem pelo efeito do humor pitta (fel) apresentam os seguintes sintomas: ameaças, cólera, avidez por água, tendência a desnudar-se, palidez, visão de chamas de meteoros e relâmpagos. Os efeitos do terceiro humor (kapha, fogo), são: anorexia, vômitos, obsessão por mulheres, ruídos de saliva, mania de insultar, ódio a purificação e face edemaciada.

Há também uma forma de loucura que tem sua origem em todas as citadas anteriormente. Uma pessoa atacada de dor repentina decorrente da morte de alguém muito querido ou a perda de sua fortuna, emite gritos, se torna pálida e enfraquecida, tendo como que ausências de quando em vez, chora “sem motivo”, mostra-se orgulhosa de suas virtudes sentindo-se transtornada pelo sofrimento. Finalmente, o alheamento, produzido pelo veneno, apresenta os seguintes sintomas: face obscurecida, palidez, perda da força e dos sentidos. Quando o enfermo divaga, em acesso de loucura, com os olhos avermelhados é bom evita-lo. Se se trata de loucura gerada por Pitta (bílis) ou por kapha, se aconselha vomitivos e purgativos. São indicadas plantas saudáveis como o gengibre e a cânfora. Os textos antigos proporcionam detalhes com respeito às dosagens de inúmeras ervas. Algumas vezes se recorre, ao método de chocar o paciente noticiar-lhe, por exemplo a morte de um filho, para provocar-lhe um estado hiper-emotivo e traze-lo assim à realidade.  Na medicina Indu menciona-se, também a loucura dos “possuídos” que se manifesta após a lua nova e no plenilúnio.

No antigo Egito se considerava os alienados como possuídos por um espírito do mal e os pacientes eram conduzidos aos templos dos deuses para que estes o purificassem afastando o espírito maligno. Assim um hieróglifo do século XIII a.C, testemunha a cura de uma princesa da Ásia que foi libertada de um espírito maligno pelo deus Klans. Três mil anos antes de Cristo, no reinado do Faraó Zoser, da terceira dinastia, o médico Imhotep ,  foi tornado deus da medicina, tal como ocorreu mais tarde na Grecia e em Roma com Esculápio ou Asclépio, filho de Apolo que se tornou o deus da medicina.

A possibilidade de tratamentos psicológicos não é levada em conta na medicina Hindu. A loucura é, segundo Atri (o herói místico dos vedas, pai da medicina, o Asclepiades Indu) a conseqüência das dores e das intoxicações. É também um obscurecimento mental que tem sua origem no desequilíbrio dos humores desorientados. A loucura (numada) é definida como “a enfermidade do espírito desprovido de freios”. Seu aparecimento se deve aos desvios dos humores corporais e cerebrais, devido a má alimentação, aos costumes perversos e irregulares, pela negligência daquilo que deve ser respeitado em uma pessoa debilitada pelas enfermidades, pelos venenos e pelas drogas.

No século XVII, Francis Bacon e mais tarde Descartes, Hobbes, Locke Condillac e Hume muito contribuíram para o progresso da psicopatologia.

No século XVIII o tratamento do doente mental passou, novamente, a ser encarado de uma maneira  científica e não mais como possuídos pelo demônio. Com Philippe Pinel, (1745-1826) na chefia dos Hospitais de Bicêtre e Salpêtrière, os pacientes psiquiátricos passaram a ser liberados das sangrias, purgativos e vesicatórios e também das cadeias e dos grilhões a que eram submetidos para receberem um tratamento psicologicamente orientado.  Sua obra psiquiátrica que se tornou clássica, “Traité médico-philosophique sur l’aliénation  mentale ou la manie” data de 1801. Emil Kraepelin (1856-1926) considerado por muitos o fundador da  psiquiatria foi o criador de um Instituto de Pesquisas em Munich isto já em 1917. Sua grande contribuição à psiquiatra foi a descrição, com a primeira edição em 1883 e inúmeras edições seguintes, expõe uma história da psiquiatria. Seu interesse abarcava uma extensa gama de problemas ligados a psiquiatria. Com Oehrn criou uma serie de testes com o fim de tentar avaliar e separar as  capacidades  mentais em seus quatro componentes,  percepção, memória, associação e funções motoras. Abordou campos como a psiquiatria comparada e seu trabalho sobre a criminologia passaram a formar a base das modernas concepções sobre as relações entre o crime e a doença mental. Suas concepções sobre a “insanidade maníaco-depressiva” o levou a diferenciar seis estados de depressão: melancolia simples, estupor, melancolia grave, melancolia paranóide, melancolia fantástica e melancolia delirante. A seguir, reconheceu quatro estados mistos: depressão maníaca, depressão agitada, depressão com fuga de idéias e inibição parcial. Concluiu ele que todos estes quadros pertenciam à uma identidade: “insanidade maníaco-depressiva”.

As terapias evoluíram da repressão pura e simples incluindo os castigos físicos que iam até a morte por lapidação e na fogueira, passando pela hidroterapia já proposta por Diocles de Cristo, da época de Hipócrates e pela meloterapia que já nos tempos Bíblicos era empregada. Como se vê, progressos na compreensão e no tratamento das doenças mentais são sucedidos por regressões ao pensamento primitivo mágico-religioso, ciclicamente poderíamos dizer. Isto até os nossos dias, pois nos deparamos com procedimentos mágico, exorcismos e “desobsessões” ao lado de psicoterapias e terapias biológicas com medicamentos químicos de indiscutível valor.

Evoluímos da utilização de medicamentos a base de ervas, empiricamente utilizadas como tranqüilizantes como a (melissa oficinalis) erva-cidreira (água de melissa) a folha do maracujá (passiflora) etc. e que mais tarde tiveram seus princípios ativos identificados e seus efeitos comprovados ao uso dos quimiotarápicos. A utilização de correntes elétricas, também era comum. Em todos esses casos, a psicoterapia se fazia  pela simples presença do médico. A certa altura surgiram os quimioterápicos sintetizados em laboratório bem como os choques pela injeção intravenosa rápida de cardiazol (von Meduna), os choques e comas insulínicos do médico Vienense Manfred Sakel em 1933. Os choques elétricos introduzidos em Roma em 1938 por U. Cerletti e L.Bini e aperfeiçoados por Sogliani que mantendo a voltagem da corrente fixa em 110 v. fazia variar o tempo da passagem, provocando assim, a convulsão desejada com perda do sensório mas com menores risco de fraturas, por exemplo. A convulsoterapia a certa altura passou a ser utilizada, com anestesia e curarização prévias. As borrascas vasculares pela acetil-colina tiveram sua faze, bem como também a psico-cirurgia com a lobotomia pré-frontal ou leucotomia, criada em Portugal pelos neurocirurgiões Antônio Egas Muniz ( premio Nobel de Medicina) e seu colega Almeida Lima, em 1935. A leucotomia só era utilizada como último recurso, quando as outras terapias se mostravam ineficazes e em casos de agitação crônica, agressividade estremas, depressões persistentes e refratárias às terapias até então existentes. Nos fins do século dezenove e início do século vinte ainda eram bastante utilizadas a balneoterapia e as correntes Farádicas em sanatórios europeus.

Os progressos no terreno dos quimioterapia e conseqüentemente da psico-farmacologia, a partir do século vinte,  nos levaram ao abandono gradativo, parcial ou total, de muitas terapias utilizadas rotineiramente nos frenocômios, tornando possível os tratamentos ambulatoriais. Não só possíveis, em casos até então nem pensados, como levaram os manicômios a serem desativados em muitos casos, pois os tratamentos que exigiam internação como em surtos psicóticos agudos, passaram a ser feitos em Hospitais Gerais.

No plano puramente psicoterápico as sugestões hipnóticas de Mesmer e de Charcot e mais tarde usadas por Freud o neuropsiquiatra Vienense. Freud, mais tarde  veio a abandona-las ao passar a utilizar o método catártico a associação livre, que o levou a  criar a psicanálise.

A partir do século XIX, com os progressos dos conhecimentos da anatomia cerebral e nervosa em geral e, paralelamente os avanços do conhecimento da psicopatologia os campos biológico e psíquico foram se afastando. O psíquico e o somático, que deveriam ser encarados como complementares, tomaram rumos até antagônicos como se não fossem basicamente uma unidade. A especialização que nos levou a criar as escolas da linha biológica e psicológica muitas vezes se preocupavam mais em se digladiarem do que se complementarem uma aceitando os achados da outra. Retornam assim à divisão entre psíquico (“alma ou espírito”) e corpo como separadas, isto é, às idéias mágicas e religiosas primitivas.  O tratamento dos pacientes com transtornos mentais nas civilizações antigas era mais ou menos o mesmo: passavam a ser vistos como pessoas de deus, transformando-os em curandeiros, profetas, videntes, os enxotavam do convívio social ou ainda os matavam como possuídos pelos demônios.

A cultura judaica diz que o diabo é uma criação dos cristãos. Mas ocorre que os judeus têm demônios em profusão, tanto machos como fêmeas.

Os sonhos foram vistos  desde os mais remotos tempos como sendo uma comunicação das forças superiores e que dariam as chaves para uma terapia adequada. É interessante que ainda, modernamente, alguns terapeutas, pensem assim. C. G. Jung (1875 -1961) dava aos sonhos duas interpretações: a primeira era Freudiana e a segunda  como uma comunicação de instâncias superiores ( deus ou deuses) com o que sonha.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

CASSINELLI, Bruno – Historia de la Loucura. Ibéria – Joaquin Gil, Editor. Muntaner,180
Barcelona – Espanha, 1942.

Encyclopaedia Britannica – By Encyclopaedia Britannica, Inc. USA 1961.

Postel, Jacques & Quétel, Claude (Compiladores) Historia de la Psiquiatria  Ed. Fondo de Cultura Econômica - México, 1987.